Pedro Félix Machado

A obra e a figura de Pedro Félix Machado foram caindo no esquecimento, muito poucas vezes interrompido. O Angolense lembrou-o no princípio do século XX, Júlio de Castro Lopo bem mais tarde, Carlos Ervedosa refere-o, Mário António estudou-o, em pesquisa mencionada por Tânia Macedo e Rita Chaves e, mais recentemente, Nelson Pestana, para além de mim próprio. A isto se resume, tanto quanto saiba, a sua fortuna crítica, tirando alguns artigos que o referem de passagem, ou que só lhe estudam aspetos particulares e pouco mais que de passagem. 

Em boa parte, ficou a dever-se este geral esquecimento à raridade das suas obras. A republicação, pela IN-CM, dos Sorrisos e desalentos e de Scenas d’África – ? – romance íntimo, tornou-se, então, fundamental. Os prefácios trazem novas informações sobre a biografia e a cultura literária ou humanística do escritor. As obras, no entanto, falam por si, revelando-nos um talento raro e atualizado, capaz de ombrear com os do seu tempo no espaço lusógrafo. Enquanto poeta ele terá sido menos prolixo, mas mais rigoroso (por influência também de escolas literárias diferentes) e atualizado que J. D. Cordeiro da Mata; enquanto prosador foi mais prolixo e mais complexo que Alfredo Troni. De um momento para o outro, a sua figura avulta na história literária do país e da época de uma forma que o leitor comum não podia supor há uns anos atrás: único, original, oportuno.

Desenvolvi nos últimos anos aprofundadas pesquisas sobre o autor e a obra, que só parcialmente foram divulgadas em rede e nos congressos - redes académicas. Agora as reuni todas, interliguei-as, e escrevi um livro considerando o autor, a obra, a época, as leituras e as redes sociais envolvidas.

O livro está disponível na Amazon, a preço módico, mais ainda levando em conta o investimento que nele fiz. Para lá remeto os leitores interessados e agradeço o estímulo que foi o das leituras que fizeram desta página do blogue-livro Kicola. 

A propósito da saída do livro a jornalista Fernanda Almeida me entrevistou para o seu conceituado e popular programa Escrever na água (Ep. 16). Para lá também remeto as pessoas interessadas nestes assuntos.